Leia:

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Ser criança






 Quando me sentei no banco da praça, cansada pela caminhada de quinze minutos, foi inevitável não apreciar a alegria e a vitalidade das crianças logo a minha frente. Como pulavam, dançavam e riam, de quase tudo e ao mesmo tempo. Caiam, ralavam o joelho, choravam por uns cinco minutos e retornavam a brincar. Por alguns minutos ali naquela praça, ouvindo o riso descontraído daquelas crianças, pude finalmente lembrar de como tudo era simples nessa idade. De como os sonhos pareciam reais e alcançáveis, como eu podia ser tudo o que imaginasse, sem medo. Bailarina, cantora, médica ou espiã. Acho que todo adulto deveria voltar a ser criança por um dia, só para lembrar que se você acreditar, você alcança.

Ser adulto exige responsabilidade, maturidade e por favor: nada de infantilidade.. Porque quando você cresce, algo lá dentro, a criança saltitante que sonha em ser tudo e mais um pouco, vai morrendo, lentamente e gradativamente.

E crescemos. Crescemos e nos tornamos adultos e isso é tão natural, que quase nem percebemos. É tão normal que esquecemos gradualmente como éramos pequenos e indefesos, como éramos felizes com a simplicidade. Que o  dinheiro era apenas papel e no final, tudo ficaria bem e feliz.

Acho que o segredo está no que dizemos as crianças, no que fazemos elas acreditarem. Nós mostramos a magia que perdemos, e fazemos elas acreditarem no conto de fada, no papai noel, no príncipe encantando e nos finais felizes. Escondemos delas a violência, a maldade, a mentira, a realidade.

E as crianças crescem acreditando que o bem vence o mal, mas sabemos que nem sempre é assim. O mal sempre vai existir. E quando elas percebem que o mundo não é exatamente assim como acreditavam, pode-se dizer que elas finalmente cresceram e se tornaram adultas. Mas antes disso vem o choque, e vem também a realidade trazendo essa enxurrada de medo e lágrimas, E é exatamente a realidade que vai forçar essas pequenas crianças indefesas a ser tornarem adultos e fortes.

Talvez se contássemos as crianças a verdade sobre a realidade que as cercam, elas não sofreriam tanto com essa ilusão. Mas talvez se contássemos as crianças isso, elas perderiam a simplicidade, a alegria e a magia, e deixariam de ser simples e doces, crianças.

Nenhum comentário: